Ao escolher um psicólogo ou psicoterapeuta é natural que você acabe se deparando com diferentes abordagens.
Há profissionais que seguem a linha da psicanálise, terapia cognitivo comportamental, psicologia fenomenológico-existencial, entre muitas outras.
Todas essas abordagens são técnicas baseadas em teorias que norteiam o processo terapêutico.
Cada uma delas temobjetivos e metodologias únicas.
Ainda que não seja obrigatório, conhecer a linha teórico-técnica do psicólogo é importante para saber se você irá se adaptar à abordagem e se ela terá a possibilidade de corresponder às suas demandas e expectativas.
Por isso, conhecer diferentes perspectivas psicológicas é muito importante!
Hoje vamos nos debruçar sobre a psicologia fenomenológico-existencial, uma vertente da psicoterapia que enxerga a existência humana de maneira singular.
Para ela, cada indivíduo experimenta a vida de forma particular, sendo livre para realizar suas escolhas e ser responsável por elas.
Nesse texto, você vai conhecer detalhes sobre essa abordagem e como ela funciona no processo terapêutico.
O que é a Psicologia Fenomenológica Existencial?
A Psicologia fenomenológica existencial é uma abordagem psicológica que baseianas teorias filosóficas da Fenomenologia e do Existencialismo.
Calma, vou explicar melhor!
A Fenomenologia é uma teoria que busca compreender o ser humano a partir de suas manifestações, ou seja, da percepção que cada um constrói para si. O Existencialismo é outra teoria que busca compreender o ser humano a partir da construção de sentido que ele proporciona a partir de suas relações consigo, com o outro e com o seu contexto.
Daí o nome “Psicologia Fenomenológica Existencial”.
A Fenomenologia, método descrito por E. Husserl (filósofo alemão), se ocupa em descrever os fenômenos que o paciente traz.
Esses fenômenos se configuram como tudo aquilo que o indivíduo apresenta, sejam palavras, atitudes ou experiências, por exemplo.
Nesse contexto, o psicólogo suspende todo o seu conhecimento prévio para escutar o paciente sem julgamentos e assim ajudá-lo na elucidação de seus conflitos.
O Existencialismo enxerga o ser humano como um ser em situação, ou seja, inserido em uma trama de relações. Dentre os grandes filósofos desta corrente teórica podemos destacar:
- Kierkegaard;
- Heidegger;
- Nietzsche;
- Sartre;
- Entre outros.
O profissional que utiliza o Existencialismo em seus atendimentos observa o paciente na relação com os outros.
Ou seja, para o psicólogo existencial, a existência do paciente em sociedade e nas relações interpessoais interferem diretamente nas questões trazidas durante a terapia.
Existencialismo e sua relação com a psicologia
O existencialismo influenciou a psicologia em diversos aspectos, onde todos se fundem para atingir os seguintes objetivos:
- Tornar o homem mais livre em sua própria existência;
- Aproximar o paciente de suas experiências e sentimentos;
- Facilitar a autopercepção do paciente;
- Tornar o indivíduo, em terapia, mais autêntico em suas relações;
- Superar conflitos existenciais;
- E, buscar o sentido da própria existência.
A psicologia com base existencialista considera o homem primeiramente em sua existência concreta, ou seja, o vivido por ele.
Isto é, como o indivíduo existe em primeiro lugar, ele é livre para fazer suas escolhas e construir seu estilo de vida.
Por isso, quando o paciente chega em sessão, ele se mostra na sua existência cotidiana, relatando suas relações com os outros e suas experiências no mundo.
Fenomenologia e sua relação com a psicologia
A fenomenologia é um método descritivo.
Dentro da psicologia, o método auxilia o terapeuta e o paciente na descrição do que aparece em sessão.
Se o indivíduo relata sentir ansiedade, por exemplo, o psicólogo suspende tudo o que ele sabe sobre o fenômeno “ansiedade” e permite que o paciente fale, em suas próprias palavras, o que é ansiedade e como é sentir-se ansioso.
Essa suspensão do profissional chama-se “redução fenomenológica” e isso é o que possibilita a pessoa em terapia ser ouvida sem julgamentos ou acusações.
O que diferencia uma abordagem fenomenológica existencial das demais?
A abordagem fenomenológica existencial tem um método muito próprio e único de ser, que a distingue das demais.
O psicoterapeuta procura compreender as questões do indivíduo, sem se preocupar em interpretá-las a partir de seu conhecimento teórico.
Diferente de outras perspectivas clínicas, onde a eliminação do sintoma e a “cura” são os objetivos, na fenomenologia existencial o homem é visto como um todo.
O paciente é valorizado em sua existência histórica, sendo protagonista de sua própria vida.
Em outros métodos terapêuticos, o sujeito em atendimento é visto como um simples objeto de estudo.
Mas, na fenomenologia existencial ele é um ser humano singular, livre e responsável pela construção de sua história.
Como funciona a terapia Fenomenológica Existencial?
Ao longo do texto você já pôde ter algumas noções sobre os objetivos e funcionamento da terapia fenomenológicaexistencial.
Contudo, é sempre importante pontuar de modo claro como essa abordagem se dá na prática.
Um dos aspectos principais é a busca pela existência única do indivíduo.
Quando o paciente está em sessão, o psicólogo propõe reflexões sobre suas relações e modo de existir na sociedade, mediante as questões e conflitos trazidos pelo paciente.
Nesse diálogo, o psicoterapeuta atua como um facilitador, ondeo indivíduo ganha possibilidades para encontrar sentido em sua existência.
Como você já deve ter notado, a abordagem fenomenológica existencial é sustentada por uma aproximação muito forte entre a psicologia e a filosofia.
Aliás, muitas pessoas não sabem, mas a psicologia nasceu do pensamento filosófico!
Aqui no blog, já publiquei outro artigo onde descrevo melhor a relação e influência que a filosofia tem sobre a psicologia.
Recomendo a leitura, pois muitas das coisas que falo por lá irão complementar o que você já aprendeu aqui.
Obrigado por chegar até aqui!